Nos primeiros anos após a chegada de D. João VI ao Brasil, tudo estava indo as mil maravilhas até que a cobrança de altos impostos causou grande insatisfação na população. A ânsia por arrecadação de impostos era tanta que até os mendigos tinham que pagar licença para esmolar! Sem falar que o dinheiro arrecadado não era usado para sanar as necessidades das pessoas, mas sim para cobrir os gastos da corte.
Além disso, a população livre e pobre sofria com o aumento dos preços dos produtos e com o desemprego, pois tinham que concorrer com escravos e imigrantes portugueses. E nas zonas rurais a dificuldade de acesso a terra também era um grande problema.
Paralelo a isso, o descontentamento em Portugal também não era pequeno. Depois da queda de Napoleão, os portugueses não viam mais motivos para permanência de D. João VI em território brasileiro, passando a exigir o retorno imediato a Portugal. Esse inconformismo acentuou-se ainda mais quando D. João assinou um decreto criando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, a partir da qual o Brasil deixou de ser colônia e se equiparava a Portugal. A elevação do Brasil a Reino Unido foi um marco para o processo de emancipação política e administrativa.
Enquanto em Pernambuco estava ocorrendo a Revolução Pernambucana, iniciava-se em Portugal a Revolução do Porto, a qual exigia a volta do rei à Portugal, a criação de uma constituição que limitasse os poderes reais e retomada do pacto colonial sobre o Brasil.
As notícias do movimento constitucionalista em Potugal dividiram a opinião pública em duas correntes: a dos que apoiavam o retorno do rei à Lisboa (Partido Português) e a dos que defendiam sua permanência no Brasil (Partido Brasileiro). Diante dessa situação D.João VI encontrava-se indeciso. Com receio de decepcionar ambas as correntes, ele faz o seguinte: jura fidelidade à constituição brasileira que estava para ser elaborada, e no dia 26 de Abril de 1821 viaja com a família real rumo a Portugal e deixa em seu lugar seu filho D.Pedro I, que assume o poder como príncipe regente. Em seu governo, D.Pedro procurava sempre estar próximo de pessoas com experiência administrativa, dentre elas estava José Bonifácio, vice-presidente da Junta Provisória do Governo da Província de São Paulo. Ele defendia a idéia de que o Brasil deveria permanecer junto a Portugal, mas com um governo próprio.
Essas idéias já vinham sendo discutidas principalmente em jornais, dividindo a opinião pública em dois grupos: aquele que apoiava José Bonifácio propondo uma autonomia sem ruptura com a coroa portuguesa, e o outro que defendia o rompimento com os portugueses. Porém, ambos concordavam que D.Pedro deveria resistir às pressões da Corte de Lisboa, recusando-se a voltar a Portugal.
No dia 29 de dezembro foi entregue a D.Pedro um abaixo assinado com 8 mil assinaturas exigindo que ele permanecesse no Brasil. Então, 11 dias depois o príncipe anunciou sua decisão de ficar no Brasil , episódio conhecido como “Dia do Fico” (9 de Janeiro de 1822). Este foi o primeiro de uma série de acontecimentos que levariam a independência brasileira.
Em maio deste mesmo ano, o príncipe regente determinou que nenhum decreto vindo das cortes de Lisboa fossem cumpridos sem sua aprovação. Mais tarde aprovou a convocação de uma Assembléia Constituinte no Brasil, porém ordens vindas de Lisboa desautorizaram a convocação da Assembléia Constituinte e requeria o retorno imediato de D.Pedro à Portugal. Reagindo a isso José Bonifácio aconselhou D.Pedro a romper com a coroa portuguesa.
Então, no dia 7 de Setembro de 1822 ao receber esta ordem, o príncipe proclamou a independência do Brasil, declarando a separação do Brasil e Portugal.
No entanto, a proclamação da Independência só beneficiou a elite da sociedade, visto que a permanência de D.Pedro significava a garantia dos privilégios da elite, enquanto que para a maioria da população nada mudou.
Conquistada a Independência, teve início a luta por consolidação, que envolveu diversos conflitos e derramamento de sangue em várias regiões do novo país. Para ajudar a derrotar os rebeldes e portugueses que eram contra a independência, D. Pedro recrutou mercenários estrangeiros, afinal de contas após a proclamação da independência boa parte dos oficiais abandonou o exército. A vitória das tropas brasileiras impediu a fragmentação dessas províncias e garantiu a unidade territorial do país.
O primeiro governo a reconhecer oficialmente a independência brasileira foi o dos Estados Unidos, quando em 1825 foi assinado um tratado em que o governo do Brasil se comprometia a pagar uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas à Portugal para lhes compensar a perda de sua colônia. Esse dinheiro seria obtido por meio de empréstimos ingleses, tendo início assim a dívida externa brasileira.
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